A Rede Nacional de Treinamento (RNT), instituÃda pela Lei nº 12.395, de 16 de março de 2011, foi uma iniciativa do governo federal criada durante a preparação dos Jogos OlÃmpicos e ParalÃmpicos Rio 2016, com o objetivo de democratizar o acesso aos centros de treinamento e promover o desenvolvimento de atletas, desde a categoria de base até os de alto rendimento, em diversas modalidades (Brasil, 2011). A rede passou por desafios de execução e ainda se encontra em fase de implementação e consolidação (Miranda; Amaral, 2022).
Para que a RNT cumpra seu papel, é necessário avançar em sua reestruturação, com a definição clara de seus objetivos e das responsabilidades dos atores envolvidos, tanto estatais quanto não estatais. Essa reestruturação deve contemplar o aproveitamento da infraestrutura municipal já existente, a construção planejada de novos centros de treinamento e a implementação de ações de formação de treinadores, professores, árbitros e gestores, por meio de parcerias com universidades públicas.
Além disso, é fundamental garantir a atuação em rede com as organizações privadas que compõem o setor esportivo, ampliando o uso qualificado dos espaços e promovendo o desenvolvimento dos atletas nas modalidades estratégicas para o paÃs.
Os repasses de recursos federais, estaduais ou municipais, como os provenientes da arrecadação de loterias, ao Comitê OlÃmpico do Brasil (COB), Comitê ParalÃmpico Brasileiro (CPB), Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), Comitê Brasileiro de Clubes ParalÃmpicos (CBCP), Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) e Federação Nacional dos Clubes (Fenaclubes), assim como a posterior descentralização desses recursos à s entidades vinculadas, devem ser precedidos, impreterivelmente, dos contratos de desempenho estabelecidos com a administração pública, que definem de maneira clara as metas, objetivos, indicadores e resultados esperados em função do recebimento e uso desses recursos.
Desenvolver estratégias e iniciativas para estreitar a relação de universidades e institutos federais com organizações esportivas, a fim de produzir e compartilhar pesquisas no campo da excelência esportiva, visando maximizar o acesso aos conhecimentos cientÃficos e tecnológicos nas áreas de gestão, formação de atletas e desenvolvimento esportivo. Isso contribui para a qualificação de polÃticas públicas, programas e projetos de especialização, aperfeiçoamento, alto rendimento e transição de carreira.
Essa produção de conhecimento deve também contemplar pesquisas sobre o esporte feminino de alto rendimento, incluindo estudos sobre fatores biológicos, como o ciclo menstrual, que podem influenciar o desempenho e a adaptação de programas de treino a essas especificidades.
Além disso, é importante incentivar a pesquisa e a inovação com foco na inclusão de pessoas com deficiência, fomentando estudos sobre esporte para pessoas com deficiência, com ênfase em novas metodologias, tecnologias assistivas e boas práticas. Universidades e centros de pesquisa devem ser estimulados a produzir conhecimento aplicável às realidades locais.
É igualmente importante destacar que essas instituições contam, atualmente, com uma rede de infraestrutura esportiva instalada, muitas vezes subutilizada ou carente de manutenção, mas que pode ser rapidamente mobilizada para atender às demandas do esporte de alto rendimento. Como exemplo, pode-se citar a existência de pistas de atletismo de padrão internacional, financiadas com recursos do Ministério do Esporte, no âmbito do programa Rede Nacional de Treinamento de Atletismo.