As primeiras questões a enfrentar para fortalecer os recursos humanos no campo das políticas de esporte são:

Construção e implementação de uma estratégia nacional de formação e qualificação de profissionais do esporte e das manifestações correlatas, articulada em rede entre os níveis federal, estadual e municipal, com a participação de universidades, institutos federais, escolas técnicas, Sistema S, organizações não governamentais, clubes, federações e demais instituições que atuam nas áreas de ensino, extensão e desenvolvimento de metodologias. Essa estratégia precisa subsidiar políticas públicas específicas no campo da formação, sendo orientada por diretrizes nacionais e coordenada pelo Ministério do Esporte, em articulação com o Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação e as instituições formadoras.

Essa política deve ter como foco três públicos estratégicos:

Gestores públicos, especialmente de secretarias municipais e estaduais de Esporte (exclusivas ou não), visando ao fortalecimento das capacidades institucionais e à implementação do Sinesp nos territórios.
Educadores, técnicos, agentes comunitários e lideranças locais que atuam diretamente na formação esportiva e nas práticas de esporte para toda a vida, em escolas, centros esportivos e projetos sociais.
Profissionais da educação, em especial os de educação física, com foco na formação integral, na valorização da prática pedagógica do esporte e no enfrentamento da seletividade e da hipercompetitividade.

Oferta de apoio técnico aos estados e municípios pelo governo federal. É importante que o Ministério do Esporte adote o papel indutor de melhoria da gestão local do esporte nos estados e municípios, especialmente naqueles com baixa capacidade institucional. Para isso, devem ser oferecidos programas, ferramentas e referenciais de apoio à gestão pública do esporte, com base em experiências consolidadas em outras áreas, como as do Ministério da Educação por meio do Plano de Ações Articuladas. Esses instrumentos voltados à realidade do setor esportivo precisam incluir produção de diagnósticos territoriais, ferramentas de planejamento, formação em gestão do esporte, modelos de governança e apoio técnico contínuo.
Estruturação de equipes gestoras capacitadas e criação de condições de profissionalização da gestão esportiva nos estados e municípios. A gestão da política pública de esporte exige capacidades e habilidades pessoais, administrativas e gerenciais, bem como conhecimentos sobre o campo esportivo, com suas especificidades em termos culturais e sociais (Amaral, Moraes, Bastos, 2024). Por isso, é fundamental compor equipes gestoras qualificadas nos diferentes níveis da administração pública, especialmente nas secretarias estaduais e municipais. A formação de equipes com capacidade de liderança, articulação institucional e conhecimento das políticas públicas esportivas é essencial para garantir a formulação e a implementação de ações efetivas e sustentáveis no campo do esporte. Também é preciso garantir o desenvolvimento contínuo e a valorização dos profissionais que atuam na gestão das políticas públicas do esporte, com planos estruturados de carreira, criando estratégias para favorecer a continuidade das políticas de Estado.
Ampliação do número de profissionais que atuam na promoção do esporte, especialmente nas regiões de maior vulnerabilidade social e menor cobertura de serviços públicos, atrelada ao Plano Nacional do Esporte, por meio de:
- Qualificação de professores de educação física, técnicos esportivos e gestores para atuarem em diferentes contextos e públicos, voltada para pessoas em situação de vulnerabilidade social, pessoas com deficiência, meninas e mulheres. Essa formação deve priorizar metodologias inclusivas, conhecimento específico sobre modalidades adaptadas, promoção de espaços seguros e igualitários, fortalecimento da autonomia e da participação efetiva, além da conscientização sobre prevenção de assédio, violências de gênero e desconstrução de estereótipos sociais.

As capacitações também devem contemplar os princípios do esporte seguro, assegurando ambientes física e psicologicamente saudáveis, com medidas proativas de prevenção e resposta adequada a situações de assédio, abuso ou qualquer forma de violência. Ações como cursos de formação continuada, oficinas práticas e parcerias com universidades devem ser estimuladas para garantir um atendimento qualificado, acessível e comprometido com os direitos de todos os participantes.

Mapeamento do contexto territorial e necessidades regionais;
Contratação de novos profissionais nas esferas estadual e municipal;
Valorização da atuação intersetorial de profissionais de outras áreas (saúde, educação, assistência social, cultura) na oferta de ações esportivas e atividades físicas;
Promoção de programas de jovens líderes, agentes esportivos comunitários e iniciativas de organizações sociais.